Nos últimos tempos o Teletrabalho tem estado na ordem do dia, motivado pelas alterações que todos tivemos que fazer nas nossas vidas pessoais, profissionais e sociais, face ao COVID-19 e ao Estado de Emergência Nacional.
Antes de avançarmos, faço um parêntesis para contextualizar que o conceito de Teletrabalho, no Código de Trabalho é definido como “a prestação laboral realizada com subordinação jurídica, habitualmente fora da empresa e através do recurso a tecnologias de informação e comunicação” (artigo 165º).
Em primeiro lugar importa referir que, como é óbvio, nem todas as profissões o podem fazer. Mas, se no seu caso for possível saiba que para o seu marketing pessoal poderá ser um fator de atratividade revelar competências e disponibilidade para o trabalho a partir de casa, tornando-o numa mais-valia.
Alguns de nós já viviam a realidade do trabalho remoto, outros experimentavam-na pontualmente, mas será que todos estávamos e estamos aptos para fazer da modalidade do teletrabalho uma realidade na pós-pandemia? Que competências devemos trabalhar para que o teletrabalho faça parte da nossa Gestão Pessoal de Carreira?
Organização e método de trabalho
Com o trabalho remoto espera-se que o colaborador continue a desempenhar as suas funções com método. Por isso deverá ser capaz de organizar as suas tarefas, definindo prioridades e sendo metódico. Imagine que, de manhã, ao fazer o seu planeamento diário verifica que tem três relatórios para fazer, com datas de entrega distintas. Deverá, então, organizar-se de maneira a que a sua prioridade seja cumprir os prazos. Além disto é importante que seja capaz de manter rotinas, independentemente se no dia se deslocará à empresa ou trabalhará no seu escritório em casa.
Liderança/Autonomia
Poderão parecer-lhe competências pouco importantes caso não lidere ninguém, mas pense que na modalidade de teletrabalho cabe-lhe a si, em parte, ser o seu próprio líder, por isso espera-se que seja capaz de se mobilizar para os objetivos definidos na empresa para a qual trabalha, fazendo-o com espírito de iniciativa e responsabilização. A autonomia, apesar de existirem formas de monitorização por parte das empresas com trabalho remoto, ditará muito do seu sucesso.
Além disso poderá ter que liderar colaboradores, por isso a sua competência para o fazer não pode depender da sua presença física no local de trabalho. Deve continuar a fazê-lo de forma assertiva.
Comunicação
Um dos problemas que pode surgir com a modalidade de teletrabalho é o isolamento social. Para o combater é importante que continue a comunicar com a sua equipa, com os seus colegas.
Lembre-se que o teletrabalho não implica distanciamento face aos colegas, como tal é relevante que desenvolva as suas competências comunicacionais, pois deverá continuar a transmitir informação com clareza e objetividade, adaptando-se aos diferentes interlocutores. O teletrabalho, socialmente falando, tende para o individualismo e devemos ter capacidades para contrariar esta situação.
O facto de ter de comunicar via telefone ou videochamada poderá exigir-lhe alguma aprendizagem, nomeadamente ao nível de competências digitais. Informe-se e forme-se, usando as ferramentas que tem ao seu dispor.
Responsabilidade e compromisso
Trabalhar a partir de casa poderá ser, após a pandemia, uma realidade comum, mas não nos podemos esquecer que continuamos a “vestir a camisola” por uma organização, como tal temos que continuar a trabalhar no sentido de responder à missão, valores e objetivos da empresa.
Portugal tem, face à realidade europeia, um longo caminho a percorrer, muitos de nós consideramos não ser capaz de trabalhar eficazmente em casa. Tenha presente que depende da nossa postura e adaptabilidade fazê-lo o melhor possível, mantendo o compromisso e profissionalismo independentemente se entramos na porta da empresa ou na porta do nosso escritório de casa.
Orientação para os resultados
A última competência que menciono poderá ser das mais importantes e relaciona-se com as que referi anteriormente, pois espera-se que o teletrabalhador seja capaz de se focar na concretização dos objetivos, garantindo que os resultados são alcançados. Se o seu trabalho é vender formação online (e-learning), estando em teletrabalho o seu foco continua a ser o mesmo, o que significa que o resultado que pretende alcançar não muda, o objetivo é o mesmo.
Uma nova realidade
O que lhe quero transmitir é que, enquanto trabalhador, deve repensar a sua Gestão Pessoal de Carreira, numa perspetiva de autoconhecimento e de desenvolvimento de competências que, no futuro, serão tidas como uma mais-valia para o mercado de trabalho, que verá o teletrabalho não como uma exceção ou privilégio de alguns, mas como uma realidade de muitas das nossas empresas. Afinal de contas este não é um tema novo, começou a surgir nos anos 70, associado à crise petrolífera, mas a evolução do mesmo veio a coincidir com a globalização e com o surgimento das tecnologias.
Esta realidade que todos vivemos veio-nos colocar em perspetiva, testando a nossa capacidade de lidar com a mudança e, é também, uma boa altura para trabalharmos a nossa marca pessoal, no sentido de nos tornarmos mais atrativos no mercado de trabalho, que também ele não voltará a ser o mesmo e cabe-nos a nós caminhar para a adaptabilidade e flexibilidade que o mesmo irá exigir, sabendo, agora mais do que nunca, que nenhum emprego é seguro ou eterno. Faça da sua Gestão Pessoal de Carreira um ato profissional, analisando as suas potencialidades e evoluindo as suas competências. Não queira, no futuro, ser excluído de um processo de Recrutamento e Seleção porque não tinha, no entender do empregador, perfil para o teletrabalho.
Encare esta fase inesperada como uma oportunidade de desenvolvimento e progressão, prepare-se para o futuro, encarando as vantagens de ser teletrabalhador como uma possibilidade de criação de valor para a sua Carreira.